Essa foi a minha última foto em 2022. Nem parece que foi um ano caótico. Mas foi. Muita coisa mudou na minha vida.
Mas foi, também, um dos melhores anos dessa vida que eu levo. Nesse ano, eu assumi a coordenação pedagógica de duas escolas, continuei como professore de Educação Fundamental II em Língua Inglesa e não escrevi nenhum livro… Essa última parte não é tão boa, confesso. Eu amo escrever. Mas há algum tempo eu não tenho mais sentido vontade alguma. Até sento para escrever e não vem nada. 0 inspiração. 0 motivação. Dizem que às vezes é assim mesmo, porém, eu não gostaria de acreditar que seja assim. Philip Pullman disse uma vez que como escrever era o trabalho dele, ele se forçada a escrever todos os dias uma vez. Às vezes não acontecia muita coisa mas ele sempre deixava uma página já escrita sempre todos os dias, não importando o tamanho dela.
Quem sabe eu não precise dessa motivação?
E o que aconteceu para Philip Pullman substituir C. S. Lewis em minha vida?
C. S. Lewis sempre foi um dos meus autores favoritos desde que eu conheci
As Crônicas de Nárnia, conforme eu já relatei
aqui em meu blog. O problema é que Lewis é muito cristão. E, olha, não tem problema a religião (ou a falta dela) no âmbito individual. Mas a questão toda é que a literatura fantástica de Lewis é só um pretexto para catequizar. E isso é um pouco chato. Você tem a série de Nárnia, a Trilogia Fantástica e O Grande Divórcio (chamo de O Grande Abismo anteriormente) e todos eles são livros para catequizar. No meio dessa situação, a gente teve também com a escritora transfóbica. Quando eu me entendi como pessoa não binária (essa situação vai aparecer aqui bastante nesse ano, principalmente em textos que falam da minha vida pessoal), eu perdi completamente a vontade de consumir qualquer coisa que tenha a ver com qualquer um dos livros dela.
Eu estava na maratona de assistir His Dark Materials quando meu avô morreu. Foi ele quem me deu a maior parte dos meus livros da referida autora e eu só não vou me desfazer deles exatamente por isso. Mas ele também me deu o livro A Faca Sutil, da série His Dark Materials, publicada aqui como Fronteiras do Universo, que, curiosamente, é meu favorito da série. A série também falava muito sobre essa questão de vida e morte e do que acontece no que vem depois. O pensamento da série moldou tanto o meu pensar sobre isso que foi até um dos motivos que fez com que eu me tornasse umbandista.
Curiosamente, tudo começou, pois, um divulgador de Nárnia fazia propagandas contra a série de Pullman. E eu, como um fã de Lewis da época, concordava. Até conhecer Fronteiras do Universo por conta própria. Parece que foi um universo paralelo que se abriu pra mim (desculpa, eu precisava fazer essa piada) e isso aconteceu várias e várias vezes na minha vida – mas, contarei isso depois. Philip Pullman foi um desencadeador de tantas coisas positivas.
O primeiro livro que eu finalizei não foi por causa de Nárnia ou de um livro de um herói bruxo. Foi por causa de
A Borboleta Tatuada de Pullman. Muitas das minhas crenças pessoais acabaram tomando forma por causa de Fronteiras do Universo: elas já existiam, porém, foram refinadas por causa dos livros.
E hoje?
Eu não tenho certeza de como C. S. Lewis reagiria à causa trans. Existe um
texto que diz que Lewis apoiaria nossa existência, porém, tudo fica no campo das ideias, não é? Ele não está aqui para falar. Lewis foi amigo de uma pessoa
gay e, apesar de ser cristão, era bem progressista para a época.
Pullman, por outro lado, parece estar do nosso lado. Algumas mudanças na série
His Dark Materials para deixá-la mais inclusiva e
seu apoio à causa trans são explícitos.
No fim do dia, é muito mais fácil decidir de que “lado” você vai estar. 🙂
His Dark Materials está disponível na HBO Max. Você pode comprar os livros
aqui.
As Crônicas de Nárnia está disponível no Disney+. Você pode comprar os livros
aqui.