Melancolia

Desde que a Taylor Swift anunciou o álbum Midnights eu não consigo tirar ele da minha terapia semanal. Esta semana, enquanto eu falava para meu psicólogo que eu estava em uma melancolia constante, eu entrei em estado reflexivo e resolvi assumir para outra pessoa o motivo: o tal álbum da Taylor Swift.

Não vou deixar ninguém aqui se enganar: eu adoro sentir melancolia. É onde eu tenho a maior onda de criatividade. Não é atoa que eu estou colocando muitos projetos que estavam guardando para fora: voltando a escrever em blog, criar uma página para dizer pro mundo que eu sou teacher, criar uma página pro meu trabalho literário e até mesmo voltar com o tarô. 

É óbvio que a melancolia não vem apenas com a criatividade: ela também faz você revisitar sentimentos do passado. E isso não é tão legal assim. Claro que toda vez que a gente olha para estes momentos estamos mais experientes e sabemos como lidar melhor. Uma crush que já passou. Uma discussão boba. Um momento de soberba. 

Isso faz com que eu lembre um pouco de um livro que eu abandonei, o anti-herói. Quando eu comecei a escrever este livro, que é a história de Pedro, o vilão de Flores Amarelas, minha novela, eu nunca pensei que revisitaria tantos sentimentos meus. Mas quando eu comecei a escrever, muita coisa sobre mim começou a aparecer como se fossem de Pedro. Foi ali que minha mente despertou para ser uma pessoa não binário, de que talvez minha sexualidade fosse fluída e que eu não era uma boa pessoa como eu achava que era.

Eu descobri, no meio da escrita desse livro, que grandes amores não existem como nas histórias. Alguém sempre vai sair machucado e esse grande amor é sempre de um lado da história. Descobri que eu não consigo sentir empatia pelas pessoas e também que, assim como Pedro, eu conseguiria fazer qualquer coisa para conseguir o que eu queria.

Mas você só está falando de coisas negativas, o leitor não existente se questiona. Onde estão as positivas? Bom, aqui vai a minha própria reflexão deste momento. Eu tenho ambição. Eu consigo amar e eu consigo encontrar forças onde eu acho que eu não tenho para ir atrás do que eu sonho. Eu consigo imaginar e criar. 

Eu aprendi que eu tenho resiliência. E eu jurava que essa era uma característica que eu não tinha.

O mais difícil de tudo, porém, foi que eu aprendi que eu não consigo superar as coisas. Elas sempre vão voltar quando tudo estiver bem. Mas o mais feliz, é que eu aprendi que eu consigo lidar com tudo isso quando este sentimento voltar e dar um abraço nesse velho amigo e conversar sobre tudo o que eu aprendi com tudo isso.

Essa entrada pode não fazer sentido pra ninguém. Mas eu preciso finalmente superar o fato de que anti-herói nunca vai ser terminado e nunca verá a luz do dia. E mesmo que este livro não vá existir, eu preciso agradecer por ele ter existido.

Eu acabei mudando o título para Queda Livre pois eu tinha lançado um conto chamado a festa de halloween do anti-herói antes. Inconscientemente, eu acho que já sabia que esse livro não seria lançado. Pelo menos, alguém vai poder ver a capa desse livro. A arte foi do Henri B. Neto.